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Parte II - Segundo grande movimento

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iurybelchior
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Mensagem por Admin Sex Dez 16, 2016 3:12 pm

Pois bem, com relação ao segundo grande movimento do poema, talvez se possa entender que começa com a apresentação de “um novo projeto”, encampado por um “sujeito [que] diz nós”, o qual se opõe a outro sujeito coletivo, cuja pessoa é vós. No início, tem-se “a euforia da rebelião, [em que] o narrador se vê em plena expansão”, assumindo “valores subversivos”, como “a demência, a loucura, o canibalismo”. Segundo Lilian Pestre, esse trecho inicial explicitaria bem as “múltiplas relações” entre a ética e a estética do poema e “as teses do surrealismo de Breton”, bem como do “movimento antropofágico brasileiro”, uma vez que “tudo o que queima e destrói é defendido e reivindicado”, erguendo-se “o poder dos bárbaros” “contra a cultura estratificada”.

Em meio a menores ou maiores sístoles e diástoles, entretanto, depois da menção a um “implacável entrave” (estrofe 86), dar-se-ia uma mudança importante na atitude do narrador, o qual passaria, segundo Lilian Pestre, a denunciar “a miragem da negritude triunfante”. Nesse sentido, um episódio exemplar seria aquele que se apresenta na longa estrofe 104, em que “o narrador arranca definitivamente a máscara da generosidade que caracterizava o projeto de voltar um dia ao seu país como salvador messiânico”, confessando-se “assimilado e cúmplice”.

Nesse segundo momento do debate, convido-os, então, a pensar nesses dois submovimentos contraditórios do segundo grande movimento do poema, isto é, em primeiro lugar, na “euforia da rebelião”; e, em segundo, na confissão de encerramento do movimento, em que se explicita – através da problematização de uma “negritude triunfante” – a cisão da personalidade, não apenas de um sujeito singular, mas de uma coletividade.

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Mensagem por iurybelchior Sex Dez 16, 2016 3:27 pm

Acho que a euforia da rebelião tem muito a ver com esse movimento antropofágico. O que é importante dizer é que o que se come, passa a ser digerido e fazer parte dele. Por isso essa consciência se modifica tanto, como vemos na estrofe 104, o êxtase o conduziu também à morte, a uma espécie de homicídio cometido contra ele mesmo.

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Mensagem por iurybelchior Sex Dez 16, 2016 3:30 pm

Uma curiosidade: essa parte da euforia me lembrou muito passagens dos poemas do Fernando Pessoa com que trabalhamos.

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Mensagem por raquelandrade Sex Dez 16, 2016 3:31 pm

O autor admite sua "covardia", seu heroísmo chama agora de "farsa"... Seriam esses indícios da diminuição da euforia de outrora?

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Mensagem por raquelandrade Sex Dez 16, 2016 3:32 pm

iurybelchior escreveu:Uma curiosidade: essa parte da euforia me lembrou muito passagens dos poemas do Fernando Pessoa com que trabalhamos.


Iury, também senti a "presença" de Pessoa pairando sobre este poema...

raquelandrade

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Mensagem por Admin Sex Dez 16, 2016 3:32 pm

Não há uma autocrítica, na estrofe 104? Quanto à euforia, ela vai e volta...

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Mensagem por raquelandrade Sex Dez 16, 2016 3:35 pm

Ele diz "confessar generosamente" que delirou... Poderia então ser este delírio o momento em que o autor se vê tomado pela euforia?

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Mensagem por AlineSilvAraujo Sex Dez 16, 2016 3:36 pm

"E eis no fim desta madrugada minha prece viril
Que eu não ouça nem risos nem gritos, os olhos fixos nessa cidade que profetizo, bela
dai-me a fé selvagem do feiticeiro
dai às minhas mãos poder de modelar
dai à minha alma a têmpera da espada
não me esquivo. Fazei da minha cabeça uma cabeça de proa
e de mim mesmo, meu coração, não façais nem um pai nem um irmão, nem um filho, mas o pai, mas o irmão, não um marido, mas o amante deste povo único."

A negritude se renovaria e ele seria a voz desse povo, representante dessa coletividade? Não sei se entendi muito bem...


AlineSilvAraujo

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Mensagem por Admin Sex Dez 16, 2016 3:39 pm

AlineSilvAraujo escreveu:"E eis no fim desta madrugada minha prece viril
Que eu não ouça nem risos nem gritos, os olhos fixos nessa cidade que profetizo, bela
dai-me a fé selvagem do feiticeiro
dai às minhas mãos poder de modelar
dai à minha alma a têmpera da espada
não me esquivo. Fazei da minha cabeça uma cabeça de proa
e de mim mesmo, meu coração, não façais nem um pai nem um irmão, nem um filho, mas o pai, mas o irmão, não um marido, mas o amante deste povo único."

A negritude se renovaria e ele seria a voz desse povo, representante dessa coletividade? Não sei se entendi muito bem...


Calma, pessoal. Ainda estamos no segundo movimento. A "prece viril" é posterior. No segundo movimento, as contradições ainda são mais evidentes. Vejam a passagem entre as estrofes 64 e 66.

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Mensagem por iurybelchior Sex Dez 16, 2016 3:39 pm

Admin escreveu:Não há uma autocrítica, na estrofe 104? Quanto à euforia, ela vai e volta...

Com certeza! Um teor de crítica agudo e forte, quase baudelairiano, eu diria, nesse sentido de se desconstruir e se despir de todas as certezas, de admitir as ilusões e covardias. Ele quase diz que é pior que aqueles que considerava ruins...

Bernardo, essa parte me lembrou um momento final da Geração da Utopia, do Pepetela, livro que me marcou muito em 2014. O projeto da negritude tem uma espécie de falência.

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Mensagem por Marice Gonçalves Sex Dez 16, 2016 3:41 pm

Concordo com você Iury, a rebelião está diretamente envolvida com a antropofagia. Essa parte do poema me lembro muito a frase em que Valery afirma que "Não há nada mais original, mais nosso, do que o nutrirmo-nos de outros, contanto que os digiramos. O leão é feito de carneiro assimilado". O que me fez pensar não exatamente em encerramento, mas em modificação, acho que contradição aqui é mais suave do parece.

Marice Gonçalves

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Mensagem por raquelandrade Sex Dez 16, 2016 3:42 pm

Tenho a impressão que na estrofe 66 ele se sente emudecer... Nas estrofes posteriores, parece fazer uma auto reflexão: " O que posso? É preciso começar. Começar o que?"

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Mensagem por Admin Sex Dez 16, 2016 3:44 pm

A geração da utopia faz essa crítica dos projetos messiânicos, ainda românticos, com certeza. Césaire lida com isso ainda muito vivo, como experiência interior, que o balança.

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Mensagem por iurybelchior Sex Dez 16, 2016 3:46 pm

Seguindo essa busca que a Raquel mencionou, ele pretende esse esgotamento total para reinaugurar o cosmos. Seu projeto é o fim de mundo, que pra mim tem uma tensão entre essa ambição e a morte de si mesmo.

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Mensagem por Admin Sex Dez 16, 2016 3:46 pm

raquelandrade escreveu:Tenho a impressão que na estrofe 66 ele se sente emudecer... Nas estrofes posteriores, parece fazer uma auto reflexão: " O que posso? É preciso começar. Começar o que?"

Sim, são perguntas que se acumulam: "Quem e o que somos? Admirável pergunta!" (p. 37).

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Mensagem por Lídia Generoso Sex Dez 16, 2016 3:47 pm

Será que o projeto da negritude - ao menos em Césaire - teve em algum momento um tom triunfal? Ou há por trás desse poema uma crítica da própria ideia de triunfo, progresso, etc, ao menos nos moldes que a Europa concebeu? Quando Césaire fala da Europa, ou do mundo branco, em contraste com a negritude, seu país natal e seu 'continente natal', diz assim

"107.
Piedade para os nossos vencedores omniscientes e ingênuos!
108.
Eia para os que nunca inventaram nava
para os que nunca exploraram nada
para os que nunca domaram nada"

E assim ele continua ao longo do poema. Dizendo que a negritude não quer para si o triunfo como o concebem 'os brancos', mas quer ressignificar a vida, valorizar o subjetivo, os afetos, contra a própria concepção Ocidental de razão e progresso. É nesse sentido, acredito, que Breton vê em Césaire o fazer cumprir-se a proposta surrealista.

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Mensagem por Admin Sex Dez 16, 2016 3:51 pm

iurybelchior escreveu:Seguindo essa busca que a Raquel mencionou, ele pretende esse esgotamento total para reinaugurar o cosmos. Seu projeto é o fim de mundo, que pra mim tem uma tensão entre essa ambição e a morte de si mesmo.

Esse também é o projeto surrealista, o de acabar com o mundo, tal como ele se apresenta.

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Mensagem por raquelandrade Sex Dez 16, 2016 3:53 pm

Lídia Generoso escreveu:Será que o projeto da negritude - ao menos em Césaire - teve em algum momento um tom triunfal? Ou há por trás desse poema uma crítica da própria ideia de triunfo, progresso, etc, ao menos nos moldes que a Europa concebeu? Quando Césaire fala da Europa, ou do mundo branco, em contraste com a negritude, seu país natal e seu 'continente natal', diz assim

"107.
Piedade para os nossos vencedores omniscientes e ingênuos!
108.
Eia para os que nunca inventaram nava
para os que nunca exploraram nada
para os que nunca domaram nada"

E assim ele continua ao longo do poema. Dizendo que a negritude não quer para si o triunfo como o concebem 'os brancos', mas quer ressignificar a vida, valorizar o subjetivo, os afetos, contra a própria concepção Ocidental de razão e progresso. É nesse sentido, acredito, que Breton vê em Césaire o fazer cumprir-se a proposta surrealista.


Creio que exista sim, um momento trinfual... Na estrofe 124 ele fala do povo negro como "os primogênitos do mundo" e usa outros termos que me parecem enaltecer os negros, até culminar na expressão "virtudes ancestrais", sendo que antes ele fala de "medos ancestrais"... Acho que há um conflito em Césaire, entre se aceitar e aceitar sua negritude e, ao mesmo tempo, ver os problemas de seu país... Mas vejo um tom trinunfal...

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Mensagem por Admin Sex Dez 16, 2016 3:53 pm

Lídia Generoso escreveu:Será que o projeto da negritude - ao menos em Césaire - teve em algum momento um tom triunfal? Ou há por trás desse poema uma crítica da própria ideia de triunfo, progresso, etc, ao menos nos moldes que a Europa concebeu? Quando Césaire fala da Europa, ou do mundo branco, em contraste com a negritude, seu país natal e seu 'continente natal', diz assim

"107.
Piedade para os nossos vencedores omniscientes e ingênuos!
108.
Eia para os que nunca inventaram nava
para os que nunca exploraram nada
para os que nunca domaram nada"

E assim ele continua ao longo do poema. Dizendo que a negritude não quer para si o triunfo como o concebem 'os brancos', mas quer ressignificar a vida, valorizar o subjetivo, os afetos, contra a própria concepção Ocidental de razão e progresso. É nesse sentido, acredito, que Breton vê em Césaire o fazer cumprir-se a proposta surrealista.

"Tesouro, contemos:
a loucura que recorda
a loucura que ruge
a loucura que vê
a loucura que se desencadeia [...]" (p. 35).

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Mensagem por AlineSilvAraujo Sex Dez 16, 2016 3:55 pm

iurybelchior escreveu:Seguindo essa busca que a Raquel mencionou, ele pretende esse esgotamento total para reinaugurar o cosmos. Seu projeto é o fim de mundo, que pra mim tem uma tensão entre essa ambição e a morte de si mesmo.
Verdade, Breton deixa isso bem claro no manifesto surrealista, fala da renovação, da superação de tudo o que é estabelecido.

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Mensagem por Admin Sex Dez 16, 2016 3:56 pm

raquelandrade escreveu:
Lídia Generoso escreveu:Será que o projeto da negritude - ao menos em Césaire - teve em algum momento um tom triunfal? Ou há por trás desse poema uma crítica da própria ideia de triunfo, progresso, etc, ao menos nos moldes que a Europa concebeu? Quando Césaire fala da Europa, ou do mundo branco, em contraste com a negritude, seu país natal e seu 'continente natal', diz assim

"107.
Piedade para os nossos vencedores omniscientes e ingênuos!
108.
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E assim ele continua ao longo do poema. Dizendo que a negritude não quer para si o triunfo como o concebem 'os brancos', mas quer ressignificar a vida, valorizar o subjetivo, os afetos, contra a própria concepção Ocidental de razão e progresso. É nesse sentido, acredito, que Breton vê em Césaire o fazer cumprir-se a proposta surrealista.

Creio que exista sim, um momento trinfual... Na estrofe 124 ele fala do povo negro como "os primogênitos do mundo" e usa outros termos que me parecem enaltecer os negros, até culminar na expressão "virtudes ancestrais", sendo que antes ele fala de "medos ancestrais"... Acho que há um conflito em Césaire, entre se aceitar e aceitar sua negritude e, ao mesmo tempo, ver os problemas de seu país... Mas vejo um tom trinunfal...

A meu ver, há mais de um momento triunfal, assim como há o seu reverso.

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Mensagem por raquelandrade Sex Dez 16, 2016 3:58 pm

Creio que a própria reflexão já carrega em si um trinufo, pois é um abrir de olhos, um sair de uma postura passiva para uma postura ativa de questionar a si próprio, as origens, o status quo...

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Mensagem por raquelandrade Sex Dez 16, 2016 3:59 pm

*triunfo

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Mensagem por Admin Sex Dez 16, 2016 4:00 pm

Admin escreveu:
raquelandrade escreveu:
Lídia Generoso escreveu:Será que o projeto da negritude - ao menos em Césaire - teve em algum momento um tom triunfal? Ou há por trás desse poema uma crítica da própria ideia de triunfo, progresso, etc, ao menos nos moldes que a Europa concebeu? Quando Césaire fala da Europa, ou do mundo branco, em contraste com a negritude, seu país natal e seu 'continente natal', diz assim

"107.
Piedade para os nossos vencedores omniscientes e ingênuos!
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Eia para os que nunca inventaram nava
para os que nunca exploraram nada
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E assim ele continua ao longo do poema. Dizendo que a negritude não quer para si o triunfo como o concebem 'os brancos', mas quer ressignificar a vida, valorizar o subjetivo, os afetos, contra a própria concepção Ocidental de razão e progresso. É nesse sentido, acredito, que Breton vê em Césaire o fazer cumprir-se a proposta surrealista.

Creio que exista sim, um momento trinfual... Na estrofe 124 ele fala do povo negro como "os primogênitos do mundo" e usa outros termos que me parecem enaltecer os negros, até culminar na expressão "virtudes ancestrais", sendo que antes ele fala de "medos ancestrais"... Acho que há um conflito em Césaire, entre se aceitar e aceitar sua negritude e, ao mesmo tempo, ver os problemas de seu país... Mas vejo um tom trinunfal...

A meu ver, há mais de um momento triunfal, assim como há o seu reverso.

Da estrofe 104: "Meu heroísmo, que farsa! / Essa cidade é do meu tamanho. E minha alma está de rastos. Como essa cidade na sujeira e na lama deitada" (p. 57).

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Mensagem por iurybelchior Sex Dez 16, 2016 4:00 pm

O estabelecimento de uma nova moral... Isso ressoa muito mesmo no manifesto.

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